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Educação financeira é caminho para combater inadimplência

Levantamento da CNDL e SPC Brasil mostra que 70,29 milhões de adultos estavam inadimplentes em abril de 2025, alta de 4,59% em 12 meses. Especialis...

18/06/2025 14h57
Por: Redação Fonte: Agência Dino
Imagem de jcomp no Freepik
Imagem de jcomp no Freepik

Cerca de 42,36% da população adulta brasileira estava inadimplente em abril, o que corresponde a 70,29 milhões de pessoas, de acordo com dados do Indicador de Inadimplência. Em comparação a março, o crescimento foi de 1,09%, enquanto em relação a abril de 2024, a alta foi de 4,59%.

O estudo revelou que 43,64% dos inadimplentes devem até mil reais, e que a parcela de devedores com tempo de inadimplência de três a quatro anos cresceu 46,43%. De acordo com o levantamento, a faixa etária de devedores de 30 a 39 anos teve a participação mais expressiva em abril, com 23,73%.

Sabrina Herrschaft Rosa de Macedo, especialista em investimentos e planejadora financeira com certificação Certified Financial Planner (CFP®),  observa o cenário de alto endividamento no Brasil. "Os altos índices são resultados de uma combinação de fatores estruturais, econômicos e comportamentais. Boa parte da população tem baixa educação financeira, e o crédito fácil leva ao endividamento por não conseguir administrar os limites disponíveis”.

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Para a planejadora financeira, os hábitos mais prejudiciais dos brasileiros são a falta de controle sobre o próprio dinheiro, confusão entre renda e crédito, falta de reserva de emergência, falta de planejamento e, sobretudo, a falta de educação financeira.

“É comum não saber quanto ganha, quanto gasta e para onde vai o dinheiro. Muitos acreditam que o limite do cartão ou do cheque especial são extensão da renda, não guardam nenhum valor para imprevistos e utilizam linhas de crédito sem consciência para antecipar projetos”, afirma a especialista.

Planejamento financeiro para corrigir o endividamento

Para quem já está endividado, a especialista orienta diagnosticar a situação. “Liste todos os valores devidos, credores, prazos, taxas de juros, todas as fontes de renda, gastos fixos e variáveis e saldo mensal real. Analise se está sobrando, empatando ou faltando, e identifique as dívidas com juros mais altos”, orienta a especialista.

De acordo com Sabrina, o segundo passo é cortar gastos não essenciais e renegociar as dívidas. “Streamings, delivery e compras por impulso devem cessar. É fundamental procurar os credores, participar de feirões de limpa nome e, se preciso, trocar dívidas de cartão por empréstimo consignado ou pessoal”.

A profissional defende que o planejamento financeiro é sobre assumir o controle do dinheiro para que ele sirva aos objetivos da família, e não ao contrário. “Este tipo de planejamento atua tanto na prevenção quanto na correção de hábitos prejudiciais, e é especialmente importante no Brasil, onde o acesso ao crédito fácil pode mascarar desequilíbrios financeiros graves”.

Sabrina também aconselha a venda estratégica de bens para gerar liquidez e a criação de um plano de pagamento de dívida. “Pode ser necessário considerar a venda de um carro quitado e um novo financiamento no futuro, já que essa linha de crédito tem taxas mais atrativas. É crucial reservar parte do orçamento todos os meses para quitar dívidas”.

Para a especialista, renda extra acelera a quitação e ajuda a construir, futuramente, uma reserva de emergência. “Estar endividado é uma situação, não uma identidade. Com disciplina e informação, é totalmente possível sair dessa condição”.

Conforme alerta a planejadora financeira, não fazer novas dívidas, aprender a viver com o que tem e compreender que isso é temporário e faz parte do processo é fundamental. 

Características da experiência de investir no Brasil

O Raio X do Investidor Brasileiro mostra que 33% da população economizou dinheiro em 2024, mas 32 milhões de pessoas desse grupo deixaram de investir. O estudo também revelou que entre os que não investem nem pretendem investir em 2025, 68% não buscam informações financeiras.

Para Sabrina, grande parte da população brasileira ainda não tem familiaridade com conceitos básicos de investimentos e isso contribui para baixa compreensão sobre risco e retorno, aversão a produtos financeiros mais complexos e preferência por instrumentos considerados seguros.

“Historicamente, os brasileiros foram incentivados a poupar guardando dinheiro em casa, na poupança ou investindo em imóveis. Muitos têm baixa renda e pouca margem para risco, o que torna natural a busca por segurança acima do retorno”, pontua a especialista em investimentos.

Segundo a planejadora financeira, a hiperinflação no país, nos anos 80 e início dos anos 90, o confisco da poupança e crises cambiais e fiscais recorrentes são eventos que deixaram marcas profundas nos brasileiros, desenvolvendo aversão ao risco e desconfiança no mercado financeiro.

Ainda assim, a especialista vê mudanças recentes neste comportamento. "As redes sociais tornaram o conhecimento sobre investimentos mais acessível, atraindo jovens para esse universo. Além disso, investir hoje é muito mais simples e rápido, o que combina com o perfil das novas gerações”.

A pesquisa Raio X do Investidor Brasileiro também aponta que a geração Z se informa por canais digitais como YouTube, usado por 57%, o Instagram, por 49%, e sites especializados, por 35%. A análise mostrou ainda que os aplicativos de bancos foram a principal escolha de investimento em 2024, com 49%, quatro pontos percentuais a mais que em 2023.

Sabrina ressalta que o primeiro passo para investir é construir a reserva de emergência – de três a seis meses do custo de vida mensal –, aplicada em um local seguro e com liquidez diária. Ela orienta a definir objetivos e prazos para o investimento – se curto, de até um ano, médio, de um a cinco anos ou longo, acima de cinco anos.

“Investir é uma jornada de longo prazo, mas não precisa começar com muito dinheiro nem assumir grandes riscos. É necessário alinhar o perfil de investidor – conservador, moderado ou arrojado –, horizonte de tempo e expectativas, e é importante usar plataformas confiáveis, contar com planejadores financeiros e não se deixar levar por promessas de lucros rápidos”, aconselha. 

Para saber mais, basta seguir a especialista no seu perfil oficial do Linkedin.

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