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Cultivo sustentável em casa: Sistema de Plantio Direto de Hortaliças começa a ser aplicado para autoconsumo no Oeste

Integrantes do grupo Verde Alegre e extensionistas da Epagri unem esforços em um mutirão para preparar o solo e implementar o SPDH doméstico – Foto...

09/06/2025 15h10
Por: Redação Fonte: Secom SC
Foto: Reprodução/Secom SC
Foto: Reprodução/Secom SC

Integrantes do grupo Verde Alegre e extensionistas da Epagri unem esforços em um mutirão para preparar o solo e implementar o SPDH doméstico – Fotos: Karin Helena Antunes de Moraes / Epagri

O Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) tem se mostrado uma ótima opção para quem deseja realizar a transição do cultivo tradicional para o agroecológico. A Epagri é pioneira na pesquisa e na implementação deste sistema, iniciado na década de 1990, na região do Contestado. Ao longo dos anos, o SPDH atraiu centenas de agricultores que buscavam reduzir o uso de agrotóxicos e adubos químicos e, consequentemente, baratear os custos de produção cultivando alimentos mais saudáveis. Deste modo, o solo, afluentes, agricultores e consumidores ficam menos expostos aos compostos químicos utilizados na agricultura convencional, reduzindo os impactos ambientais e os riscos à saúde.

Amplamente utilizado na olericultura, o  SPDH  começa a ser aplicado no Oeste do Estado de forma doméstica, em hortas voltadas para o autoconsumo. Para isso, foram selecionadas duas propriedades-piloto, nos municípios de Planalto Alegre e Caxambu do Sul. A extensionista da Epagri, Suzana Corá, conta que percebeu a oportunidade de implementar o SPDH doméstico na propriedade do casal Luiz Carlos de Paula e Cecília Neckel de Paula, ao ser chamada para prestar consultoria sobre uma fonte de água. “A propriedade ainda estava se estruturando e precisava de alguns ajustes. Além disso, o casal é muito dedicado e aberto às propostas, por isso, pareceu o lugar ideal para implementar o SPDH doméstico”, diz. 

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Suzana salienta que o trabalho com a horta nas propriedades, historicamente, fica a cargo das mulheres, que precisam se dividir entre outras tantas tarefas, o que faz com que a produção para autoconsumo, por vezes, seja interrompida. Ela observa com preocupação que tem percebido, principalmente entre os jovens, que cada vez menos sucessores pretendem manter algum tipo de horta para autoconsumo, prática que promove  segurança alimentar e economia  aos produtores rurais e suas famílias. Por isso, a ideia com a implementação das propriedades-piloto é divulgar e demonstrar como o sistema de plantio direto pode ser adaptado às necessidades de cada propriedade e agricultor, reduzindo o trabalho para que possam cultivar alimentos de qualidade. 

Teoria e prática com trabalho coletivo

O início das atividades na propriedade do casal Luiz Carlos e Cecília, em Planalto Alegre, contou com a participação dos agricultores do grupo de agroecologia “Verde Alegre”. Formado em 2017, o grupo tem como objetivo reforçar as práticas agroecológicas no município e auxiliar os produtores a conquistar as certificações, como a da agricultura orgânica, que atestam qualidade e procedência dos produtos comercializados. 

A coordenadora, Larissa Antunes Riboli, explica que o Verde Alegre é um espaço de troca de experiências e de aprendizado. A cada encontro são realizados mutirões em uma propriedade, onde os conhecimentos teóricos podem ser aplicados na prática. Esta foi a abordagem adotada na propriedade de Luiz Carlos e Cecília, onde inicialmente, os extensionistas da Epagri, Ivan Tormem, Suzana Corá e Paulo Ricardo Ficagna, que também integra o Verde Alegre, explicaram como funciona o SPDH e como ele deve ser aplicado.  

Foto: Reprodução/Secom SC
Foto: Reprodução/Secom SC

Ivan Tormem afirma que “para um sistema dar certo, não pode pular etapas. Não tem um prazo final para ficar pronto, a gente vai trabalhando, aprendendo, trocando ideias. Tem lugares que avançam bem rápido, outros levam mais tempo”. Ele explica que o sistema de plantio direto de hortaliças trabalha com múltiplos princípios, como a qualidade do solo, a cobertura do solo, que deve estar sempre presente na lavoura, e a sanidade das plantas. Por isso, é importante que os produtores estejam atentos ao aspecto das plantas para identificar pragas, doenças ou insuficiências presentes. 

Para tornar a atividade mais didática, os extensionistas da Epagri abriram trincheiras na lavoura e em uma área de mata, para que os aspectos físicos do solo pudessem ser observados e comparados pelo grupo. A análise química da área de lavoura já havia sido realizada e indicou a presença de apenas 2,5% de matéria orgânica, abaixo do ideal, 5%. Essa deficiência foi evidenciada pela baixa atividade biológica no solo, marcada pela ausência de microrganismos e de organismos essenciais, como minhocas. Ivan recomendou às agricultoras e agricultores presentes que realizassem este exercício de comparação entre o solo do local de plantio e de uma área de mata. “O solo tem que estar poroso, essa é uma meta do SPDH. No mato a gente não observa desequilíbrio, temos microrganismos em abundância e a ideia é conquistar isso lá na lavoura. Por que os microrganismos e as minhocas estão aqui no mato e não estão lá? Porque aqui tem comida o tempo todo, lá não tem”. 

As atividades de correção do solo, com aplicação de calcário, pó de pedra, adubo orgânico e a semeadura das plantas de cobertura foram realizadas coletivamente. Suzana Corá explica que o trabalho mais intenso é realizado no início das atividades, mas que o objetivo é tornar o dia-a-dia mais prático. Segundo ela, a compactação do solo na propriedade representa um desafio extra, porém, depois dessa etapa “a ideia é não mexer mais o solo, porque ele já vai estar preparado e não vamos mais ter esse trabalho”, revela.

A longo prazo o SPDH pode ser um importante aliado da manutenção de hortas voltadas para o autoconsumo, promovendo maior autonomia e segurança alimentar para as famílias rurais. Além disso, essa abordagem incentiva a alimentação saudável e demonstra que é possível produzir alimentos de maneira equilibrada e ecologicamente responsável.

Por: Karin Helena Antunes de Moraes, jornalista bolsista Epagri/Fapesc

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