A Câmara dos Deputados aprovou proposta que cria o Dia Nacional da Axé Music, a ser celebrado em 17 de fevereiro. O Projeto de Lei 4187/24 segue agora para o Senado.
Segundo a autora da proposta, deputada Lídice da Mata (PSB-BA), o dia 17 de fevereiro é quando começou o primeiro Carnaval após o lançamento da música Fricote, de Luiz Caldas, considerada a precursora da axé music. Resultado da fusão da sonoridade africana dos blocos com outros ritmos, como reggae, samba e rock, a axé music recebeu esse nome em 1987, dois anos depois do lançamento de Fricote. O gênero musical comemora 40 anos em 2025.
Segundo o relator do projeto, deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA), o axé fortalece a identidade cultural da Bahia e exerce um impacto significativo e crescente na economia local e nacional. "Axé music se consolidou como um símbolo de resistência e afirmação da cultura baiana, refletindo a força e a diversidade do povo nordestino", disse.
Em 2025, segundo previsão da Federação do Comércio da Bahia (Fecomércio-BA), o Carnaval deve impulsionar a economia baiana com uma movimentação estimada em R$ 4,5 bilhões nos setores de comércio e turismo. "O Axé, com sua energia vibrante e contagiante, desempenha papel central nesse evento, impulsionando setores como hotelaria, gastronomia, transporte e diversos outros serviços", afirmou Almeida.
Geração de empregos
A deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) defendeu a votação do projeto. “São 40 anos em que artistas se renovam, empregos são gerados. É um movimento importante que precisa ser registrado”, disse a parlamentar, lembrando que já foram aprovadas homenagens na Câmara à música clássica, ao gospel e ao samba.
O deputado José Rocha (União-BA) ressaltou que o axé é um movimento cultural nascido na Bahia e garante a subsistência de várias pessoas durante o período de Carnaval. “Estamos tratando de um momento cultural, cultura que nasceu na Bahia.”
Para o deputado Tarcísio Motta (Psol-RJ), a axé music se tornou "o pão de cada dia" de pais de família em diferentes empregos. Ele afirmou que a proposta reconhece a importância política, econômica e cultural da axé music. "Muitas vezes, a festa é a fresta por onde as classes populares driblam as dores da vida e vivem melhor a sua própria vida."
A proposta foi tema de audiência pública da Comissão de Cultura , em novembro do ano passado, quando os debatedores exaltaram a importância social e histórica do axé como expressão das raízes negras da Bahia e do Brasil. Entre os presentes estavam a cantora e hoje ministra da Cultura, Margareth Menezes, e a cantora Daniela Mercury.
Críticas
O deputado Gilson Marques (Novo-SC) criticou o debate sobre a criação da data e comparou a votação da proposta com a política do "pão e circo", prática do Império Romano para controlar a população e distraí-la de problemas sociais e políticos. "O Congresso Nacional custa R$ 40 milhões por dia para vir aqui e votar o dia do axé? É inacreditável", disse.
A deputada Clarissa Tércio (PP-PE) classificou a proposta como inútil. "Se houver música boa, se houver música para dançar, ninguém vai sentir fome ou ficar preocupado com a escalada de preços", disse, ao criticar a votação.
O deputado Paulo Bilynskyj (PL-SP) lembrou que, atualmente, o próprio autor da música Fricote reconhece a letra da canção como misógina e preconceituosa.
Para o deputado Eli Borges (PL-TO), muitas das músicas de axé "não constroem o ser humano como essência". Borges afirmou que o Congresso não deveria parar para analisar uma proposta como essa.
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