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DR com Demori entrevista nesta terça autor do livro O Pobre de Direita

Sociólogo vê desinformação e racismo em opção política de brasileiros

28/01/2025 07h52
Por: Redação Fonte: Agência Brasil
© Paulo Pinto/Agência Brasil
© Paulo Pinto/Agência Brasil

Em meio a um país polarizado entre ideologias de direita e de esquerda, o sentimento de humilhação e a desinformação estão entre os fatores que levam eleitores brasileiros classificados como pobres a optar por candidatos alinhados a políticas econômicas neoliberais. É o que afirma o sociólogo e escritor Jessé Souza, autor de obras sobre racismo e política, entre as quais o best-seller O Pobre de Direita , o entrevistado desta terça-feira (28) no programa DR com Demori , às 23h, na TV Brasil .

“Nós somos um país rico, mas com 80% da população brasileira objetivamente pobre. Pela comparação internacional, são pessoas que não têm acesso às benesses do mundo moderno. Destes 80%, metade passa fome e a outra metade sobrevive com muita dificuldade, sem acesso à saúde e educação de qualidade. E quem não tem esse acesso se sente humilhado. O conceito de humilhação é extremamente importante para que se entenda o pobre de direita ”, explica o sociólogo.

Segundo o último relatório do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2023, o Brasil tinha cerca de 59 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza, ou seja, com renda mensal inferior a R$ 665. Este foi considerado o menor nível desde 2012 – quase 9 milhões de pessoas a menos do que em 2022, quando foram registrados 67,7 milhões de pessoas na pobreza.

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Para Souza, além do sentimento de humilhação, que provoca cisões estruturais entre os cidadãos de classe econômica baixa, a desinformação e a manipulação de informações midiatizadas são decisivas para a escolha de políticas que favorecem as elites, e não as pessoas mais vulneráveis. “Esse cidadão foi manipulado a vida inteira (...). Toda a informação é midiatizada , seja um livro, um filme ou um jornal”.

O sociólogo diz que a falta de informação gera uma sensação de culpa pelo próprio fracasso, agravada por uma onda de religiões neopentecostais, incentivo ao racismo e aversão à esquerda. “Esse pessoal se apropria da religiosidade afro, do sincretismo brasileiro (...) e reverte isso com uma pátina judaico-cristã, e aí você retira a inteligência dele. Você tem o sacrifício do intelecto aí.” Ele ressalta que esse debate pode ser observado também no cenário internacional, especialmente diante da iminência de mudanças com a posse de Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos. De acordo com Souza, a extrema direita no país está se organizando há pelo menos 50 anos.

O escritor destaca que, diferentemente do nazismo alemão e do fascismo italiano, a extrema direita americana não tem na esquerda política um opositor. “Para esse grupo, são os acordos civilizatórios básicos que foram construídos nos últimos cinco mil anos de cultura. A diferença entre verdade e mentira, o belo e o feio. E daí, você manipula o público”, afirma.

Questionado sobre o futuro das linhas mais progressistas da política no Brasil, diante da polaridade do eleitorado, Jessé Souza enfatiza que é preciso reescrever a história do país. "Você tem que mostrar como esse país efetivamente é explicado por intelectuais de uma forma mentirosa e elitista há 100 anos, ou isso e monta uma forma alternativa de como o país funciona, ou não existe esquerda”, conclui.

O programa DR com Demori vai ao ar toda terça-feira, às 23h, na TV Brasil , App TV Brasil Play e no You Tube, além de ser transmitido pelas rádios Nacional FM e MEC .

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