Um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce aponta que o setor de shoppings centers registrou recorde de faturamento em 2023, chegando a R$ 194,7 bilhões. Apesar do aumento de 1,5% em relação ao ano anterior, o resultado ficou abaixo do esperado.
O relatório mostrou ainda que o número de lojas também cresceu, chegando a 121 mil unidades em 639 shoppings pelo país. “O setor se posiciona na ponta da cadeia de consumo e seus índices são bons indicativos de trajetória ou tendência de comportamento macroeconômico. Mesmo que o poder de compra das famílias tenha retraído, o número de visitantes segue crescendo”, avalia o econometrista Daniel Moraes.
“Isto indica que a elasticidade da demanda em shopping centers é menos sensível ao aumento de preços, demonstrando resiliência do setor, mesmo diante deste cenário de pressão sobre preços e renda das famílias”, completa Moraes, que trabalhou por nove anos em posições executivas na indústria, com passagens por Sonae Sierra Brasil e Ancar Ivanhoe.
O especialista afirma ainda que o aumento dos empregos provocados pelo setor é outro indicador importante, pois acompanha a recuperação do mercado de trabalho nacional e demonstra como o setor responde aos ciclos econômicos, contribuindo para a geração de renda e consumo.
“Mesmo que estatisticamente menos dominantes sobre o varejo total brasileiro, os varejistas de shopping centers se destacam por contribuir com a distribuição geográfica de renda. Esse fator também auxilia de forma macroeconômica na geração de novos canais logísticos, aumento sustentado de demanda e abertura de oportunidades de investimento”, ressalta o econometrista, que possui mestrado de Econometria e Economia Quantitativa pela Universidade Northeastern, em Boston, nos Estados Unidos.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), unidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV), revelou que o varejo brasileiro encerrou 2023 com crescimento de 1,7% no conceito restrito e 2,4% no conceito ampliado, em relação ao ano anterior. Apesar de positivos, os resultados ainda ficaram abaixo dos registrados nos anos anteriores.
Ainda assim, as empresas consultadas veem os resultados com otimismo em relação ao ambiente de negócios em 2024, principalmente nas atividades comerciais relacionadas à renda, em que 53,5% preveem um ambiente de negócios positivo. No setor de shoppings, o Censo Brasileiro de Shopping Centers da Abrasce mostra que 25% das empresas entrevistadas têm planos de expansão para 2025
“Considerando que a economia brasileira não tem dado índices que sugeriram uma redução da taxa básica de juros, o segmento precisará continuar se apoiando na redefinição da experiência de compras para combater o aumento da digitalização e o comportamento omnichannel de seus consumidores”, avalia Moraes.
O especialista afirma ainda que o setor se beneficia de maneira mais acentuada se a política monetária do país conseguir conter a inflação e estimular a confiança do consumidor. “O claro foco em serviços e entretenimento que esta estratégia traz também continuará mantendo o fluxo de clientes em alta, índice vital para oxigenar as vendas do setor”.
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