A prevenção da demência e o estímulo cognitivo em pessoas idosas são temas de um interesse crescente, sobretudo à medida que a população envelhece. Um estudo da American Medical Association, publicado na revista JAMA Network Open, revelou que a prática de jogos pode reduzir em 11% a chance de desenvolvimento de demência em pessoas acima dos 70 anos.
De acordo com a análise, repercutida pela CNN Brasil, os jogos possuem características competitivas e demandam estratégia e solução de problemas, o que contribui para a queda de um possível declínio da função cognitiva, como a memória e a fluência verbal.
Hoje, o Brasil tem cerca de 32,9 milhões de idosos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), compartilhados pelo Ministério da Saúde. De acordo com o Censo, os idosos somam cerca de 15,8% da população.
Renata Aguilar, doutora em neurociência e educação, mestre em psicologia e especialista em neuropsicopedagogia, psicopedagogia institucional e clínica e diretora pedagógica do Grupo Super Cérebro, destaca que “evidências como as que foram apontadas pela American Medical Association são fundamentais para compreendermos a importância dos estímulos cognitivos na saúde do cérebro”.
Para Aguilar, é essencial entender que o cérebro possui neuroplasticidade, ou seja, a capacidade de se modificar em resposta a estímulos ambientais. “O que antes acreditávamos ser um aprendizado restrito a certas idades, hoje sabemos que é possível aprender em qualquer fase da vida. Embora existam janelas de oportunidade na infância, os estímulos cognitivos são cruciais para manter o cérebro saudável em todas as idades”.
A relação entre os jogos e a prevenção de doenças que acometem idosos é alvo de estudos também no Brasil. Há alguns anos, estudantes de iniciação científica da Universidade Federal Fluminense (UFF) desenvolveram um projeto para ajudar a equipe médica da instituição a exercitar a mente e identificar doenças mentais em idosos. Para tanto, foram desenvolvidos dois jogos cognitivos na área de multimídia.
A ideia integra um projeto que envolve sistemas para auxiliar médicos a detectar doenças como a demência e o Mal de Alzheimer. Os jogos MemoGing e Jogo do Stroop foram testados em 2018 em pacientes no Hospital Universitário Antonio Pedro (HUAP/UFF) e em idosos que frequentam o Campus do Gragoatá da UFF para realizar atividades, como indica uma publicação da Agência Brasil.
Jogos estimulam funções cognitivas essenciais
Os jogos desempenham um papel vital no estímulo de funções cognitivas essenciais, como memória, atenção e raciocínio lógico. “Eles favorecem inúmeras habilidades que se refletem em tarefas do dia a dia, como lembrar informações, manter a atenção em uma atividade por um período prolongado e resolver problemas”, afirma Aguilar.
A diretora pedagógica do Grupo Super Cérebro ressalta que, ao desafiar o cérebro com novas situações e regras, os jogos promovem o desenvolvimento e a manutenção das conexões neurais.
Entre os tipos de jogos mais eficazes na prevenção da demência, a doutora em neurociência e educação menciona aqueles que exigem estratégias, memória e tomada de decisão.
Estratégias em conjunto
Segundo Aguilar, os jogos podem ser utilizados em conjunto com outras estratégias para manter a saúde mental e cognitiva dos idosos. “Atividades físicas, alimentação equilibrada, sono regular, leitura e socialização são práticas que, combinadas com jogos, contribuem para maior autonomia e bem-estar físico, cognitivo e emocional”, explica.
Os jogos que envolvem desafios sociais também trazem benefícios adicionais. “A interação com outras pessoas é fundamental, pois o isolamento pode ser prejudicial para os idosos. Jogos colaborativos promovem o desenvolvimento da linguagem, memória e empatia, fortalecendo as conexões neurais”, afirma a especialista.
Papel dos cuidadores no incentivo
Para familiares e cuidadores, Aguilar sugere que eles incentivem o uso de jogos como uma ferramenta para manter a qualidade de vida dos idosos.
“As aulas do Método Super Cérebro são uma forma de incentivo, por exemplo, mas os familiares podem introduzir jogos respeitando os gostos e o ritmo do idoso, transformando esses momentos em experiências agradáveis de convivência. Elogiar cada conquista e criar uma rotina lúdica é muito importante”, conclui.
Para mais informações, basta acessar: https://supercerebro.com.br/
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