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O Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (Cefid) , da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), marcou presença na primeira edição da copa do mundo de um esporte indiano chamado kho kho (a pronúncia é “cou cou”), sendo representado na seleção brasileira pelo estudante de graduação Matheus Costa, o Zinho, da Licenciatura em Educação Física.
Essa modalidade, que é muito tradicional no Sul da Ásia, mistura regras de duas brincadeiras populares no Brasil, o pega-pega e o ovo podre.
A 1ª Copa do Mundo de Kho Kho ocorreu em Nova Delhi, na Índia, em janeiro, e reuniu 20 seleções masculinas e 19 femininas. O Brasil disputou somente com time masculino, mas, sem ter tradição ainda nesse esporte, não conseguiu passar da primeira fase. No entanto, Zinho foi eleito o jogador mais valioso de defesa (MVP, na sigla em inglês) em duas partidas, contra a própria Índia e o Nepal, que depois seriam os finalistas da competição. Confira lances do jogo contra a Índia .
“Mesmo estando bem treinados, já era esperada a derrota contra os países tradicionais no esporte, como a campeã mundial Índia e o vice-campeão Nepal. Talvez pela semelhança no tipo físico e no treinamento parecido, pude me destacar como defensor, posição que exige muito treinamento aeróbico atrelado a sprints curtos, e conquistar esse reconhecimento individual”, afirma o estudante da Udesc Cefid.
O kho kho surgiu na Índia há quase 2,5 mil anos, sendo um dos esportes mais antigos do mundo, e teve sua versão moderna estabelecida em 1914. O nome está ligada à palavra hindi “kho”, que significa perseguir, e à expressão “kho kho”, que vem do som que os jogadores precisam fazer durante o jogo, seja para passar a vez para um colega, seja para validar um toque ao pegar um adversário.
Principais regras do kho kho
Nessa modalidade, dois times se alternam entre atacantes e defensores em quatro tempos de nove minutos cada em um campo retangular com 27 metros de comprimento por 16 metros de largura, dimensões iguais às de uma quadra poliesportiva.
Durante a partida, nove jogadores do time atacante ficam em campo, com oito deles agachados na pista central e o outro (perseguidor ativo) correndo e tentando tocar três corredores do time defensor. O perseguidor ativo tem restrições de movimentação, pois não pode cruzar a pista central da quadra, de 30 centímentos de largura, e tampouco pode mudar de direção.
Desse modo, os jogadores do time atacante precisam constantemente trocar de lugar e se revezar no papel de perseguidor ativo para conseguirem pegar os adversários e pontuar na partida, em movimentações que combinam estratégia, trabalho em equipe e agilidade.
Brasil no mapa da expansão internacional
Nos últimos anos, o kho kho voltou a ter pretensões de se expandir mundialmente e se tornar uma modalidade olímpica, décadas após ser um esporte de demonstração nas Olimpíadas de 1936, em Berlim. Para isso, precisa ser praticado por homens em 75 países de quatro continentes pelo menos e por mulheres de 40 países em três continentes no mínimo.
A Copa do Mundo de 2025 foi um passo importante nesse sentido e a segunda edição do torneio já está agendada para 2027, no Reino Unido. Além disso, a Federação Internacional de Kho Kho (IKKF, na sigla em inglês) tem ajudado países sem tradição, sobretudo fora da Ásia, com capacitações e treinamentos.
No Brasil, por exemplo, foram criadas a Associação Brasileira de Kho Kho e a seleção, com o nome Brazil Caramelos Kho Kho. Nesse processo de criação, elas tiveram o apoio do secretário-geral da IKKF, o treinador indiano Rohit Haldania, que chegou a ficar uma semana em Porto Alegre para participar da preparação da seleção para o mundial, com foco nos fundamentos da modalidade.
Como ninguém no Brasil praticava kho kho até então, a comissão técnica e os atletas da seleção vieram de esportes com aptidões físicas equivalentes, como handebol, futebol e atletismo, além do futebol americano e de uma modalidade similar a ele, o flag football, no qual há menos contato físico e os participantes precisam retirar bandeiras amarradas nas cinturas dos adversários.
A própria treinadora da seleção, Laura Doering, é do flag football. Para se familiarizar com o kho kho, ela precisou recorrer ao YouTube e a contatos com jogadores da Índia. E, para formar a equipe nacional, Laura priorizou atletas com agilidade, velocidade, troca de direção e controle. A maioria dos selecionados veio do estado dela, o Rio Grande do Sul, mas dois são de Santa Catarina, um deles o Zinho, aluno da Udesc Cefid.
Experiência em várias modalidades
Zinho conta que inicialmente, há quase uma década, conheceu o futebol americano praticado em SC. “Em 2017, um amigo disse que estava participando dos treinos do time de Floripa, o Istepôs, e me convidou para ir junto. Treinei até 2020, quando conquistamos um vice-campeonato catarinense, porém meu desempenho não era muito significativo para o time por conta da minha inexperiência e do meu porte físico.”
Um novo desafio esportivo veio em 2022, quando “alguns amigos que praticavam futebol americano e flag me convidaram para essa nova modalidade sem contato físico, na qual eu poderia me destacar mais”. “Eu aceitei a ideia e comecei a treinar com o Floripa Ghosts. Nesse novo esporte, pude me destacar e ajudar o time a ser tricampeão regional, entre 2022 e 2024, e campeão brasileiro em 2023”, ressalta o estudante da Udesc Cefid.
Segundo ele, habilidades desenvolvidas no flag football, como “bom treinamento aeróbico, rápida mudança de direção e senso de localização”, foram aproveitadas para obter bom desempenho no kho kho. Na preparação para a copa do mundo, os convocados de Santa Catarina e de São Paulo foram até Porto Alegre para fazer três campos de treinamento com toda a equipe, de 15 jogadores, além de quatro integrantes na comissão técnica.
“Anteriormente, tivemos algumas videoconferências para aprender as regras básicas e qual seria o melhor posicionamento para cada atleta. E, quando nos juntamos para treinar, com o auxílio do coach indiano Rohit Haldania, rapidamente nos tornamos um time competitivo em um cenário mundial”, conta o acadêmico.
Maior vivência como atleta
De acordo com Zinho, a viagem para a sede da 1ª Copa do Mundo de Kho Kho, na Índia, foi a primeira vez de toda a delegação brasileira na Ásia. “A princípio, ficamos bastante receosos com muitos aspectos da viagem para uma cultura tão diferente como a indiana, então não sabíamos exatamente o que esperar. Mas, assim que desembarcamos no aeroporto e fomos recebidos maravilhosamente bem, sentimos tranquilidade e podemos focar na competição e posteriormente conhecer a cultura local e visitar pontos turísticos”.
O Brasil foi sorteado para o Grupo A, que também tinha Índia, Nepal, Butão e Peru, e enfrentou os favoritos da competição, indianos e nepaleses, logo nas duas primeiras partidas. O grande desafio, porém, não intimidou os atletas brasileiros.
“Cada vez que entrávamos em campo e tocava o hino nacional, sentíamos arrepios e a pressão de carregar o nome de um país em uma competição mundial. Saber que nós éramos o Brasil frente a todos os outros países foi especial, com certeza a maior experiencia da minha vida de atleta”, ressalta Zinho, que foi o melhor defensor nesses dois jogos e recebeu troféus pelo seu desempenho.
A seleção de kho kho não conseguiu se classificar para as quartas de final, pois perdeu todas as partidas do grupo, mas pretende continuar melhorando para obter vitórias na edição de 2027. “Esse esporte me trouxe uma sobrevida na carreira de atleta, um novo ar em uma nova modalidade que é compatível comigo. Pretendo ajudar a desenvolver o esporte no Brasil formando times e atletas e competir mais uma vez pelo menos no próximo mundial. Depois disso, acredito que serei mais útil para modalidade como coach”, afirma o estudante.
Objetivos profissionais
A formação de Zinho na Udesc Cefid também tem contribuído para a trajetória de atleta. “Chegando agora na quinta fase da Licenciatura em Educação Física, pude levar alguns conhecimentos da universidade para a modalidade de kho kho, como o respeito à especificidade de cada atleta e diferentes tipos de aplicação de atividades pedagógicas nos treinamentos.”
O curso de graduação tem oito semestres de duração, mas Zinho já planeja a carreira profissional, e o kho kho estará presente também nessa futura etapa da vida dele.
“Quando formado, pretendo dar aula na educação infantil. Acredito que, por se tratar desse público, experiências extras e novas atividades nunca serão demais. Pretendo passar fundamentos básicos para os pequenos não somente dos esportes que pratico, mas promover, através deles, a oportunidade para que se desenvolvam da melhor forma possível enquanto cidadãos ativos na sociedade”, destaca.
Mais informações
Mais informações podem ser obtidas no perfil da Associação Brasileira de Kho Kho no Instagram .
Assessoria de Comunicação da Udesc Cefid
Jornalista Rodrigo Brüning Schmitt
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