Foto: Filipe Scotti
Com base na apresentação dos potenciais econômicos do Estado, o ex-presidente do Governo da Espanha José María Aznar trocou insights em reunião com secretários estaduais e dirigentes da FIESC, em Florianópolis
O Governo do Estado aproveitou a passagem do ex-presidente do Governo da Espanha, José María Aznar, por Florianópolis, nesta quarta-feira, 02, para apresentar os potenciais de Santa Catarina e ouvir o líder do importante processo de reforma econômica e social espanhola durante dois mandatos na presidência, de 1996 a 2004.
Na reunião com secretários do Governo do Estado e representantes da FIESC, Aznar pontuou que Santa Catarina tem no turismo qualificado e na tecnologia uma trajetória promissora para a economia do futuro. A apresentação iniciou com o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar, que falou sobre os pontos fortes do Estado, os setores portadores de futuro e a produtividade da indústria. A exposição despertou a curiosidade do ex-premiê sobre os números do comércio exterior, a infraestrutura portuária e aeroportuária, além das rotas do turismo.
“Sei que o turismo é um recurso muito importante para esse estado e, em todo o mundo, a atividade turística será cada vez mais massiva, voltada a receber uma grande quantidade de visitantes. No entanto, a exemplo da Espanha, Santa Catarina tem potencial para investir em infraestrutura de turismo de qualidade, que atrai muitas pessoas, mas com grande poder aquisitivo, porque gera mais riquezas do que o turismo de massa, com menos impacto.”
As primeiras medidas, segundo Aznar, são a constância de voos diretos para locais de onde o Estado pretende atrair mais visitantes, além de conectar os destinos catarinenses com rotas turísticas internacionais. Outra ênfase do ex-presidente foi para a tecnologia. “Esta iniciativa de tentar converter uma parte do Estado em referência tecnológica é algo muito importante para o futuro da economia”, comentou.
Representando o governador Jorginho Mello, o secretário Executivo de Articulação Internacional, Paulo Bornhausen, saudou Aznar como uma importante voz de liderança em defesa da liberdade.
“Nossas características culturais e de colonização nos aproximam da Europa, do que somos e do que pretendemos ser, com os nossos índices de desenvolvimento humano e econômico. Mas temos grandes desafios e fica o pedido para que possamos acessar mais os mercados da Europa e da Espanha, tão importantes para Santa Catarina”, reforçou Bornhausen.
Secretário de Estado da Fazenda, Cleverson Siewert destacou indicadores econômicos e a segurança jurídica oferecida por Santa Catarina aos investidores. Ao falar sobre a responsabilidade fiscal implementada pela gestão do governador Jorginho Mello, ressaltou as medidas voltadas à busca de novas receitas e ao controle das despesas, ações que integram o Plano de Ajuste Fiscal de Santa Catarina (Pafisc).
Lembrou, por exemplo, que o Governo do Estado encerrou 2023 com uma economia de aproximadamente R$ 1 bilhão em despesas. Foi a primeira vez, em cerca de duas décadas, que o Poder Executivo reduziu os gastos de um ano para o outro — o indicador foi reduzido em 2,7%.
Para o secretário, Santa Catarina tem na competitividade da sua indústria, na geração de emprego e renda suas maiores forças. “Mas temos clareza de que o que nos trouxe até aqui não basta para nos levar adiante. É preciso pensar e fazer diferente para planejar o Estado para os próximos 20 anos”, ressaltou.
O desafio de todo o Governo, segundo o secretário, é pensar a infraestrutura e as demais engrenagens governamentais de maneira disruptiva, com ações de alto impacto e que tenham potencial para revolucionar o Estado nos próximos anos. O objetivo é buscar novas matrizes econômicas para Santa Catarina.
O secretário Cleverson Siewert lembrou que a Reforma Tributária aprovada recentemente no Congresso Nacional mudará a lógica econômica dos Estados, o que torna a busca de novas matrizes econômicas e o planejamento do futuro ainda mais importantes. Em Santa Catarina, o fim dos incentivos fiscais deve impactar áreas estratégicas da economia, como o agronegócio (30% do PIB de SC) e o próprio comércio internacional (SC é o 2º maior importador e o 8º maior exportador do País).
“Nós somos um Estado do mundo e temos que olhar para o mundo. Santa Catarina quer continuar sendo protagonista, o que passa pela busca destas novas matrizes econômicas. Contamos com mão de obra altamente qualificada e um setor produtivo forte, temos tecnologia. Acredito que podemos, em conjunto e a várias mãos e tendo a FIESC como protagonista também neste processo, construir este novo caminho e fazer um futuro ainda melhor para todos os catarinenses”, disse.
A reunião contou a participação do secretário de Planejamento, Edgar Usuy, do diretor-presidente da SCPar, Renato Lacerda, do diretor de Atração e Promoção de Investimentos da SCPar, Rodrigo Prisco, e do secretário adjunto de Articulação Internacional e Projetos Estratégicos, Emerson Pereira.
Pela FIESC, além do presidente, participaram o economista Marcos Troyjo, Giancarlo Tomelin, ex-deputado estadual, Carlos Kurtz, diretor jurídico e institucional da FIESC, Fabrizio Machado Pereira, diretor de educação, saúde e tecnologia da FIESC, José Eduardo Fiates, diretor de inovação e competitividade da FIESC, Alfredo Piotrovski, diretor de desenvolvimento corporativo e Nelson Marchezan Junior, ex-deputado federal.
A FIESC apurou que, de janeiro a agosto de 2024, o Estado importou da Espanha US$ 229,5 milhões em produtos, o equivalente a 1% do total importado no mesmo período. Os principais itens foram azeite puro (US$ 26,2 mi), pigmentos (US$ 14,9 mi), maquiagem (US$ 13,3 mi), máquinas e aparelhos mecânicos US$ 11,8 mi) e carbonatos (R$ 9,7 mi).
No mesmo período, Santa Catarina exportou US$ 65,7 milhões em itens para a Espanha, o equivalente a 0,5% do total das exportações do Estado, com destaque para carnes de aves (US$ 16,7 mi), tubos ocos de ferro ou aço (US$ 12,7 mi), motores elétricos (US$ 10,8 mi), Móveis (US$ 3,3 mi) e madeira compensada (US$ 2,7 mi).
Nasceu em Madri em 1953. Formou-se em Direito na Universidade Complutense (Madri- ES). Qualificou-se como Inspetor de Finanças Estatais em 1975. Foi bolsista distinguido na Universidade de Georgetown de 2004 a 2011. Tornou-se presidente do Governo da Espanha em 1996, após a vitória eleitoral do Partido Popular. Com a subsequente vitória eleitoral do partido em 2000, com maioria absoluta, liderou o país novamente por um novo mandato. Nas eleições de 2004, escolheu voluntariamente não concorrer.
Aznar é conhecido por ter liderado um importante processo de reforma econômica e social durante os seus dois mandatos como Presidente do Governo. Graças a vários processos de liberalização e à introdução de medidas para promover a concorrência, assim como controles orçamentários como a racionalização dos gastos públicos e a redução de impostos, foram criados quase 5 milhões de empregos na Espanha. Em seu governo, a taxa de crescimento do PIB espanhol foi expressiva, apresentando um aumento agregado de 64% ao longo de oito anos.
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